sexta-feira, 16 de setembro de 2016

BONS TEMPOS EM QUE AS ELEIÇÕES EMPOLGAVAM O ELEITOR, MAS TODO CUIDADO É POUCO

Estão chegando as eleições, faltam poucos dias. Está chegando o momento de elegermos aqueles que irão nos “representar” por um período de 5 anos. Confesso que já estive mais empolgado; que ficava mais ansioso com as proximidades desse pleito. Já fui de acompanhar horário de propaganda política gratuita no rádio e televisão, de buscar informações nos jornais, internet e noticiários televisivos. Sempre buscava me preencher o máximo possível de informações sobre os candidatos, porém, por que será que, apesar de todo esse cuidado, aqueles candidatos que sempre votei, quando se elegeram, quase nunca corresponderam às minhas expectativas? Com aquilo que eu imaginava e esperava… Ou será que eu próprio fantasiava demais?

Acredito que com tantas outras pessoas ocorrera a mesma coisa, aquela sensação de voto perdido. Isso, essa incerteza fez com que hoje, pra ser mais preciso esse ano, já não tenho tanto interesse assim em saber destilar quais candidatos merecem meus votos. Sinto o desânimo querendo se chegar junto à mim. Sei que não deveria ser dessa maneira, sei que todos devemos ter consciência daquilo que queremos e buscarmos sempre o que sentimos que seja o melhor . Todos devemos ir em busca de informações conclusivas e corretas, a verdade oculta de cada candidato. Não se deixem levar pelas promessas, pelos bem conduzidos e elaborados horário político e discurso de palanques. Aquele espaço não condiz em nada com a verdade de cada candidato. Ali, todo mundo fala o que for preciso para lhe cativar. Quer lhe convencer que é o mais perfeito e preparado para sanar com todos os problemas.

Busquem a verdade fora daquele espaço, procurem saber de algo concreto que os candidatos já fizeram, o que prometeram e não cumpriram, daqueles que só aparecem em época de eleição. Vasculhem o passado de cada um, seja ele político ou que pretenda ser. Não pensem que alguém vai utilizar aquele discurso no palanque e o precioso tempo horário político para ser humilde e sincero com aquilo que poderá, de fato, realizar e expor o que será impossível cumprir. Não. Ali todos têm sempre uma solução mágica para tudo. É incrível! Mas, alguém já parou para pensar no seguinte: se todos os candidatos, digo todos mesmo, cumprissem com aquilo que prometem, nosso país, em todas as esferas de governo, estaria na situação que hoje se encontra? São todos, de todos os partidos.

Há quanto tempo retomamos a Democracia, o direito de votar, de elegermos os nossos representantes? Faz muito tempo e de lá pra cá, quantos já não assumiram os diversos governos, em todas as esferas e sempre prometendo fórmulas mágicas para erradicar com os diversos problemas que martirizam a honra da sociedade; que nos humilham e nos fazem penar, dependendo cada vez mais deles, na esperança de que algum dia poderemos dizer: agora sim, acertamos!

De tudo o que se prometeu, durante todo esse tempo, se a metade tivesse sido cumprida, com certeza estaríamos em um outro patamar de vida, pois as promessas de hoje são as mesmas de ontem, da última eleição, da penúltima… Giram em um círculo com os mesmos problemas que há anos nos perseguem! Mas dessa maneira, se isso tivesse realmente acontecido, eles não teriam mais o que prometer e assim perderiam o controle sobre nós, não usariam das nossas mais precárias necessidades para se manter ou alcançar o poder e assim perpetuarem-se nele!

E isso, essa libertação de consciência e de necessidades, tenho certeza, não faz parte dos planos deles, os políticos! Pensem bem! Não sejam do tipo daqueles que falam: meu voto é voto de protesto. É um absurdo alguém pensar assim! O que será um voto de protesto? Será que é eleger um hipócrita qualquer? Voto de protesto é o voto correto. E o que dizer daqueles que votam nos candidatos que são “simpáticos”, que sempre falam com você, cumprimentam lhe com apertos de mão… (Isso toda eleição). Também não votem em qualquer um, achando que todos os políticos são iguais. Isso é outro erro cometido! Já diz um antigo provérbio: nem os dedos da mesma mão são iguais. Há vários tipos de políticos: os que prometem de tudo, mas que sabem que não irão fazer nada, só querem os privilégios do cargo, só querem enganar mesmo; há os que prometem e têm até a intenção de fazer, mas vão sempre deixando pra depois, pra amanhã, pra próxima eleição, quem sabe…; têm os que prometem, fazem uma parte e deixam o restante para uma próxima oportunidade e alegam que não deu tempo fazer tudo; há os que prometem, mas não fazem porque não têm como fazer aquilo que prometeu, por vários motivos e têm até aqueles que fazem aquilo que nunca prometeram e nos surpreendem!

Tem de todo tipo, garimpem bem, lá no fundo das águas turvas da política. No meu caso, só não espero mais o político perfeito, pois a perfeição é uma eterna busca. E quando eu falei que esse ano está meio complicado é porque não temos outras opções. Sei que com os políticos que estão aí, nada mudará ou se mudar não será o suficiente, mas que pelo menos seja aquele mínimo que desejamos e merecemos. Apesar de tudo isso, de todas essas adversidades que a política traz enraizada nela, ainda sim, vencerei o desânimo que quer se apoderar de mim e mais uma vez vou votar em quem eu sentir que seja o menos nocivo, naquela pessoa que não prometa o céu, apenas um chão firme onde possamos caminhar e manter viva a esperança de que um dia esse círculo será quebrado.

Espero que a população, as pessoas, um dia tomem consciência de que as nossas fragilidades, nossas necessidades e precariedades mantêm vivos certos políticos que se nutrem da miséria do povo. Eles estão aí novamente, os mesmos sorrisos, as mesmas caras mascaradas com novos personagens, os mesmos discursos, as velhas charadas, as mesmas promessas, as velhas falácias… Quase tudo igual como há quase 60 anos, quando nós martinopolenses adquirimos o direito de votar e pouco mudou, pouco mudará… Será?  Só não sei até quando o povo vai aceitar, vai acreditar, vai esperar uma mudança sem ele próprio mudar. Até quando?

De um eleitor sem grandes perspectivas.

MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO AGUENTO MAIS ESSA ÉPOCA DE ELEIÇÃO

Eu sei que a época de eleições, é uma ótima oportunidade para eu me ligar mais nos candidatos, suas propostas e no que eles podem fazer pela minha cidade. O poder do meu voto, pode melhorar, ajudar ou até piorar a minha cidade, e vou dá um conselho para vocês, não votem nulo.
Existem 6 coisas que mais me irritam em época de eleições. Vou te dizer o porquê eu não estou mais aguentando esta fase.

#1 – Carro de som dos candidatos, subindo e descendo em minha rua. Isso é muito chato, irritante, incomoda e você sente vontade de jogar uma bomba no carro.  Pior que a música gruda na cabeça.  E que fique bem claro, candidatos, vocês não terão o meu voto por tirar a minha paciência.

#2- Alfinetadas de candidatos a prefeitos. Isso enche o saco, um querendo esfregar o podre do outro nos palanques e programas de rádio e ver quem tem menos ficha suja. Muito blábláblá deles e isso estressa. Pior que quando um descobre o podre forte, fica toda hora passando e você fica enjoada de ver e ouvir toda hora o comercial.

#3- Pessoas alienadas, me irritam mais que os candidatos. Não tem nada pior do que pessoas que votam sem saber o que estão fazendo. Ficam defendendo tal partido e esquecem simplesmente do que tal candidato fez com o povo no passado. Diz que fulano fez e aconteceu, que só porque é de um partido relacionado a fulano e beltrano que vai fazer e acontecer.

#4- Pessoas dizendo que vão votar nulo se achando as revolucionárias (os). Muita gente fica reclamando que só tem candidato ladrão, mas nem todos são. Existem candidatos da esquerda, mas vocês só votam e prestam atenção, nos que chamam mais atenção e tem partido. Aprendam a votar e não deixe que as pessoas decidam por você. Sejam cidadãos, votem e parem de achar que voto nulo vai fazer você uma pessoa revolucionária. Seus ancestrais, ralaram muito pra vocês terem o direito de votar hoje. Vão pesquisar seus candidatos, analisar as propostas e se conscientizem dos seus direitos. Vote naquele que te passa mais segurança e cumpra seu dever cidadã.

#5- Passeata de políticos pelas ruas (principalmente a minha ). Poxa isso irrita pra caramba, principalmente porque eu odeio fogos. A rua enche de gente, fica toda hora uns flashes, eles gritando e falando sobre suas propostas, as pessoa gritando também, as músicas repetitivas dos candidatos e o povo puxando saco de quem talvez apenas roube seu dinheiro. Parem de soltar fogos, por favor.

#6 – Promessas que eles não vão “cumprir”. Muita promessa e poucas realmente serão cumpridas. Sim, já vi candidatos cumprindo suas promessas. Eu disse a vocês que existe alguém que ame sua cidade e quer jogar na cara do Brasil que a sua é a melhor. Mas vi muitos que não cumprem porcaria nenhuma, iludem o povo e eles fazem um péssimo mandato. Isso irrita pra caramba hein? Pô cara eu confiei em você!

Estão ai os meus 6 motivos, pelos quais eu odeio a época de eleições. Não é bem odeio, é que eu não suporto mais as mesmices e chatices. Estou doida para que acabe logo e que minha rua volte a ter a paz de antes. E a televisão também, pois ás vezes sou obrigada a assistir canal na internet e já sabe….
Sem voto nulo e só candidato ficha limpa ok?

(De uma eleitora desmotivada)

IMPACTO DA PROPAGANDA NEGATIVA NAS ELEIÇÕES E O EFEITO BUMERANGUE.

As campanhas eleitorais são fundamentais para a democracia e momento de analise da relação entre os cidadãos e a política. É a hora em que os eleitores avaliam os candidatos e seus planos de governo para selecionar a opção que consideram melhor à luz de seus interesses individuais ou coletivos. Nas disputas eleitorais, os candidatos têm a alternativa de escolher entre dois cursos de ação: enaltecer as suas próprias qualidades ou ressaltar as características negativas de seus adversários. Toda disputa será um equilíbrio entre essas duas estratégias, pois cada uma delas busca resultados distintos.
Com o objetivo de entender as estratégias de ataque dos candidatos a seus adversários, esse texto fala basicamente sobre o fenômeno conhecido como campanha negativa, campanha de ataque e um estudo americano que aponta que “quem bate perde” ou seja o “efeito bumerangue”
A expressão efeito bumerangue" se tornou uma espécie de mantra do marketing político, ao considerar que a campanha negativa prejudica o candidato que ataca.
Uma das máximas do marketing político brasileiro, citado por muitos especialistas na área é de que “quem bate perde a eleição”. Essa idéia, atribuída ao marqueteiro Duda Mendonça , representa na literatura academia o conceito do “efeito bumerangue”, onde o ataque pode se voltar contra seu autor e ao invés de tirar votos do adversário acaba tirando votos do candidato que ataca, porque demonstra falta de comprometimento com a ética e falta de respeito aos seus adversários, numa clara apelação para o vale tudo do jogo do poder.

"Propaganda negativa é qualquer crítica direcionada por um candidato ou apoiadores aos seus adversários". Essa definição inclui, necessariamente, a personalidade do candidato, suas crenças políticas, seu histórico como político e governante, o partido ao qual é filiado, seus associados, familiares e amigos, grupos de apoio e equipe de governo.
Assim sendo, o principal aspecto do Efeito bumerangue é apontar que o candidato utiliza seu tempo com o intuito de destacar os aspectos negativos do seu oponente, ao invés de cuidar da valorização dos seus próprios atributos políticos ou pessoais, isso quando não usa de apoiadores de campanha para executar o serviço sujo, o que deixa ainda mais claro suas intenções escusas.
As evidências, portanto, apontam para a confirmação da hipótese de que quem opta pela dita “campanha suja” ou “campanha do ataque” estão em larga desvantagem em relação aos seus atacados, a análise de quem sofre os ataques demonstra que os líderes nas pesquisas são os alvos prediletos dos adversários
Os líderes são as vítimas preferidas dos segundos colocados nas pesquisas de intenção de voto, bem como seus apoiadores, e peças chave na condução da campanha também podem sofrer ataques pessoais, no intuito dos que se encontram em desvantagem de desestabilizarem as estruturas da campanha eleitoral.
Do mesmo modo, 98% da propaganda negativa feita pelos adversários tem como objetivo afetar a imagem do primeiro colocado:
Finalmente, vimos que a literatura especializada considera como indicador de "boa campanha" as disputas que debatem questões políticas e não os atributos pessoais dos candidatos (Kaid e Johnston, 2002; Geer, 2006).

Fonte de pesquisa: Impacto da Propaganda negativa nas eleições brasileiras -  Felipe Borba, via etceteraomnia

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

POUCOS QUEREM SER GESTORES ESCOLARES

Quem quer ser diretor de escola? Em certos estados brasileiros, a resposta a essa pergunta é desanimadora: a média registrada é de um ou dois candidatos por pleito (veja gráfico ao lado). Indo mais a fundo nos dados da pesquisa da Fundação Victor Civita, nota-se que em muitas unidades não há ninguém na disputa, como ocorreu em 22% das escolas baianas e em 14% das piauienses nas últimas eleições. No município de Martinópole no Ceará, não houve disputa. Mesmo no Distrito Federal, onde a média é de três candidatos por votação, 10% das escolas também tiveram procura zero.

A conclusão do estudo não poderia ser outra: o cargo não é atrativo. A causa está no elevado ônus, com uma recompensa considerada inadequada. Os diretores reclamam que a gratificação financeira é pequena diante da dedicação que o trabalho exige e do nível de estresse que provoca. Quem está na função é cobrado pela solução de diversos problemas - e nem sempre tem formação e autonomia para superá-los. Nas redes que promovem a eleição para diretor, a chance de enfrentar um processo eleitoral desgastante é outro fator que afugenta os candidatos.

Por outro lado, a pesquisa detectou que em três das 16 unidades federativas que promovem eleições para diretor há uma média boa de quatro candidatos por vaga. São elas: Acre, Mato Grosso do Sul e Pará. Os motivos nem sempre são ligados à estrutura para exercer a função (leia depoimentos na próxima página). Um é o prestígio do cargo: "O trabalho bem feito é reconhecido pela comunidade", analisa Maria Luiza Farias Carvalho, coordenadora da Secretaria de Estado de Educação do Pará.

Especialistas defendem que as Secretarias podem tornar o cargo mais atraente (leia o quadro na próxima página). "Dar autonomia e associá-la a metas claras e aos resultados é essencial", diz a doutora em Educação Gisela Wajskop, diretora do Instituto Singularidades, em São Paulo. Foi no que investiu o Acre. O ex-diretor de gestão da Secretaria de Estado de Educação Jean Mauro de Abreu Morais conta que a lei estadual 1.513, de 2003, contribuiu para o aumento da procura. "O gestor escolhe os coordenadores de ensino e o administrativo de sua equipe."

Com Revista Nova Escola/gestão escolar

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O QUE SABEMOS (E NÃO SABEMOS) SOBRE AS IDEIAS DE MICHEL TEMER PARA A EDUCAÇÃO

No último ano, a situação já era preocupante. O Ministério teve quatro titulares, com o Plano Nacional da Educação (PNE) recém-aprovado e as discussões sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a pleno vapor. Agora, a perspectiva é de mais mudanças. Não muda apenas o comando, também será alterado o escopo da pasta, que volta a ser unificada com o Ministério da Cultura.

Dois documentos já divulgados pelo PMDB dão sinais de qual será a visão do novo governo para a Educação do país. Apresentado em novembro de 2015, Uma Ponte para o Futuro ressalta os encaminhamentos para a economia. A influência para a Educação é a defesa do "orçamento com base zero". Isso significa que o planejamento de gastos públicos se iniciariam sem o comprometimento com uma área ou projeto específico. Desse modo, os investimentos seriam sempre reavaliados de acordo com o que o governo vigente considerar prioritário. "A tendência é gastar somente o que é obrigatório com a Educação. Com a desvinculação, o investimento nessa área pode cair drasticamente", afirma Carlos Roberto Jamil Cury, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo a Constituição de 1988, 25% da receita de impostos e transferências dos municípios e estados e 18% da União devem ser investidos em Educação. Com essa determinação cumprida, chegamos a 5% do PIB investido na área. Neste ponto, o Plano Nacional de Educação é um avanço, pois prevê um investimento de 10% do PIB até 2024. Porém, é bom deixar claro que as leis falam de recursos de fontes diferentes.

Alguns dias antes de o Senado votar o impeachment, o PMDB divulgou trechos de um novo documento, mais voltado às questões sociais. O documento A Travessia Social tem duas páginas dedicadas à área educacional e destaca sete itens prioritários. Dividimos em grupos temáticos, que são comentados abaixo.

Avaliações externas


Nos três primeiros itens: "Prioridade para o Ensino Fundamental e Médio", "Foco na qualidade do aprendizado em sala de aula" e "Maior presença do Governo Federal no ensino básico" há um olhar direto para a Educação Básica. A eles, se soma "Dar consequência aos processos e resultados de avaliações". Olhando esse último aspecto e sabendo que os estados e municípios são os responsáveis diretos por essas etapas de ensino, há uma indicação de que as avaliações externas sejam utilizadas como parâmetro para a tomada de decisões pelo governo federal.  O documento, contudo, é genérico e não permite saber exatamente o que cada item significa.  Não dá para saber se a maior presença do governo federal se traduz em dinheiro, apoio técnico ou em novas avaliações.

Alguns especialistas, contudo, acham que essa presença federal no ensino básico é complicada, especialmente se as avaliaçõs forem tomadas como único critério de análise de resultado. "O Estado consegue dar recursos, mas não tem uma influência direta em sala de aula", aponta o professor Teodoro Zanardi, do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). "O Brasil tem uma realidade muito desigual em termos de infraestrutura. Desse modo, é perigoso dizer que o ensino é ou não de qualidade somente com base nas notas de provas externas", completa. As notas são um indicativo da situação presente, mas não contam a história toda.

Bonificação para professores

Os dois itens seguintes falam sobre o docente. O primeiro, "Foco na qualificação e nos incentivos aos professores da Educação Básica", é mais generalista. Mas, o segundo prevê um "Programa de certificação federal dos professores de 1º e 2º grau em todo país e o pagamento de um adicional à remuneração regular, custeado pela União". "A bonificação é muito válida desde que se tenha um padrão minimamente homogêneo. O que a legislação atual diz é que nas escolas onde houver um diagnóstico preciso das deficiências é tarefa prioritária do poder público que essas deficiências sejam sanadas", explica Jamil. Por essa razão, se a meta não for bem desenhada, o bônus faria um investimento inverso. Segundo o professor, o que poderia acontecer é bonificar quem já está melhor, reforçando a desigualdade, além de correr o risco de acirrar competições desnecessárias, quando o espírito colaborativo traria mais benefícios. 

Reforma do Ensino Médio

No último item, "Diversificação do Ensino Médio segundo o interesse dos alunos", o documento toca em um ponto problemático da Educação brasileira. Há tempos se discute o que fazer com essa etapa de ensino, que ainda sofre muito com a evasão. O texto defende a reforma por entender que hoje "não habilita o aluno a coisa alguma, a não ser os exames de ingresso na universidade, embora se saiba que a maioria dos alunos encerra aí sua formação escolar". Existe um consenso diante dessa afirmação. Mas, também há um receio sobre como será feita essa diversificação. "Caso priorizemos um Ensino Técnico é provável que as camadas mais carentes sigam por esse caminho, enquanto os mais abastados continuarão seguindo para a universidade", alerta Jamil, que defende um investimento amplo no Ensino Médio integrado, em que se contemplaria a formação geral, assim como a específica. 

As ausências

Além das ações indicadas, há algumas ausências no documento. A primeira delas é a Base Nacional Comum Curricular, que já prevê mudanças no Ensino Médio. A segunda é o Plano Nacional da Educação (PNE), que contém 20 metas a serem alcançadas até 2024, entre elas a própria Base e o investimento de 10% do PIB em Educação. "A impressão que fica é de um documento que ignora uma trajetória que está sendo concluída em prol de algumas iniciativas pontuais", afirma Teodoro. Além disso, em momento algum fala-se de Ensino Superior. "É importante frisar que essa é a única etapa de ensino de competência direta da União", ressalta Jamil. 

Os dois documentos não representam ainda o plano de governo de Temer e não podem ser avaliados como tal. Estima-se que nos próximos dias se possa ter uma ideia mais clara dos planos do presidente interino e de seu ministro, Mendonça Filho, para a área. Leia mais sobre o novo titular da pasta aqui.

(Crédito: Marcelo Almeida/Agência Brasil).

OS GRUPOS DE WHATSAPP E A ESCOLA

Alunos, professores, pais e gestores precisam refletir sobre o uso das redes sociais a favor do aprendizado e da melhoria das relações

Hoje em dia, é muito difícil alguém ter um telefone celular e não acessar aplicativos como o WhatsApp. Por meio dele, são criados grupos com diversos objetivos, sempre com a intenção de fortalecer a comunicação entre os usuários. Algumas conversas têm finalidades escolares. Pode-se, por exemplo, avisar sobre lições de casa e tirar dúvidas com os colegas. Outras servem apenas para entreter e incluem trocas de vídeos, fotos e piadas. Infelizmente, também há conversas usadas para denegrir, caluniar, fazer fofoca e difamar colegas, professores e gestores.

Muitos alunos que estão nos anos finais do Ensino Fundamental já possuem celulares, e a maioria está inserida em pelo menos um tipo de rede social. Essas interações geram, portanto, implicações para a família e para a escola. Os pais precisam ficar atentos ao conteúdo que circula nos celulares dos filhos, fiscalizar e controlar o uso dos aparelhos. Entretanto, o mais importante é manter sempre um diálogo sobre as questões éticas que envolvem a participação nas redes. O que o jovem deve fazer se receber uma mensagem que expõe uma pessoa? Como agir ao ler um texto com conteúdo preconceituoso? Quais as consequências de participar de uma conversa que envolva cyberbullying?

É essencial lembrar que crianças e jovens aprendem com modelos. Então, os pais têm de se questionar sobre o uso que eles próprios fazem do celular e a qualidade de suas participações em aplicativos como o WhatsApp. Pensando no ambiente escolar, muitos criam grupos de conversa com o objetivo de fortalecer o vínculo entre as famílias e compartilhar informações sobre assuntos pertinentes à vida de crianças que estão na mesma classe. Porém, alguns acabam por trazer prejuízos enormes para os próprios alunos e para a escola. Isso ocorre, por exemplo, quando a interação é usada para queixarem-se sobre a conduta de professores ou estudantes.

Há pais que, diante de um problema, em vez de buscar um canal direto de comunicação com a escola, expõem suas preocupações em mensagens de texto de forma ofensiva e desrespeitosa. Já soube de grupos de familiares que se mobilizaram para pedir a expulsão de alunos ou mesmo o afastamento de docentes. Também não é raro presenciarmos responsáveis que expõem os próprios filhos e outras crianças com imagens ou palavreado inadequado, julgamentos e estigmatizações desnecessárias. Problemas pequenos acabam ganhando uma dimensão maior, o que só dificulta a resolução. Assim, surgem indisposições e até inimizades entre os pais dos alunos.

À escola, cabe orientar as famílias a fazer um uso potente desse recurso tecnológico, por exemplo, compartilhando assuntos de interesse geral (sobre saúde, programação cultural etc.), e lembrá-las de que, quando tiverem questões sobre a vida escolar dos filhos, o melhor canal é a comunicação direta com a gestão. Afinal, alguém já viu um problema delicado ser resolvido pelas redes sociais? Também é interessante promover reflexões com os estudantes sobre o uso consciente dessas ferramentas e utilizá-las em sala de aula de maneira positiva, potencializando a construção de boas relações e o aprendizado.

Fonte: Revista gestão escolar

QUEM DISSE QUE EXPOR O ALUNO É UMA BOA SOLUÇÃO PARA ELE “ENTRAR NA LINHA”?

“É impressionante como esse aluno parece não ter vergonha na cara! Já recebeu todo tipo de advertência e continua com o mesmo comportamento, atrapalhando e fazendo graça na sala!”. Qualquer semelhança com situações que vivenciamos em nossas escolas não é mera coincidência. Casos que parecem sem solução merecem atenção redobrada porque podemos estar falando de sujeitos que tiveram uma ruptura na sua construção moral.
Neste post recente, refletimos sobre os tipos de sanções e suas implicações no processo de desenvolvimento dos alunos e apresentamos as possibilidades mais adequadas para uma Educação voltada para a autonomia moral. Entre elas estava a censura, que pode despertar no aluno o senso de comunidade e de compromisso com o grupo.
Em ambientes pautados pelo exercício do respeito mútuo, além do afeto, há sempre o temor de decair aos olhos do outro. Mas é preciso tomar cuidado porque o receio de decepcionar não pode estar associado a nenhuma prática de humilhação. Por essa razão, achei oportuno aprofundarmos nossas reflexões acerca do uso das censuras como sanção por reciprocidade, destacando aspectos que precisam ser considerados.
O especialista em psicologia moral Yves de La Taille divulgou, em 2002, os resultados de um estudo que desenvolveu para investigar em qual período do desenvolvimento a censurapassa a ser mais penosa do que as sanções expiatórias, que são os castigos que não se relacionam com o ato a ser reparado. O achado da pesquisa, de extrema relevância para o trabalho nas escolas, é que para as crianças pequenas o juízo moral alheio ainda não é fonte de intensa dor psíquica. Isso significa que as censuras não são tão dolorosas quanto os castigos que as privam de algum prazer. Já nas maiores, a dor vem de uma expressão de crítica moral promovida pelo adulto perante os pares, ou seja, a vergonha da exposição. E isso supera as privações materiais mais fortemente sentidas pelos pequenos.
No entanto, o que frequentemente observamos nas escolas, e também nas famílias, é que muitos educadores ainda utilizam, equivocadamente, o constrangimento como método educativo. Mas é preciso saber que expor constantemente as crianças e os adolescentes e, assim, provocar o sentimento de humilhação e rebaixamento, pode levar o sujeito à perda de um importante regulador moral: a vergonha. Dessa maneira, ele passa a ser um “desavergonhado ou sem vergonha”, o que o leva a promover ainda mais delitos e episódios indesejáveis, dentro e fora da sala de aula. Ao ser inferiorizada e rebaixada, a pessoa, mesmo que não tenha uma imagem negativa de si própria, pode vir a assumi-la.
É importante ficar atento porque algumas formas de humilhação são sutis e podem vir disfarçadas de críticas que tentam parecer “objetivas” e bem-intencionadas. Além disso, alguns educadores parecem acreditar que, ao humilhar ou fazer o aluno “passar vergonha”, ele “entrará na linha”. Mas na prática, o pensamento é outro: “Se já me enxergam desse jeito, vou fazer o que eu quero”. Ou seja, ele entende que não tem muito mais o que perder.
Para evitar que isso aconteça, é preciso agir exatamente de maneira contrária à humilhação, auxiliando o estudante a fortalecer o sentimento de dignidade, como um ser moral. Afinal, a moralidade é uma dimensão específica do ser humano e o que, de fato, o diferencia dos outros animais reconhecidos como inteligentes. Ninguém é desprovido de algo positivo que possa ser foco de reconhecimento. No entanto, é importantíssimo levar em consideração que a essência dos elogios ou das críticas recai sobre a adesão e o fortalecimento, ou não,dos valores morais. Se os comentários positivos ou negativos são direcionados a característicasestranhas à moral, como a beleza, a inteligência, a esperteza etc., os valores éticosdesejados, provavelmente, permanecerão ausentes ou periféricos (enfraquecidos) na personalidade da pessoa que estamos ajudando a formar (leia aqui sobre como fazer elogios produtivos). Da mesma maneira, se apesar de morais,as críticas forem frequentes e humilhantes, o resultado será semelhante. Isso porque cada um de nós, na busca natural de uma autoimagem positiva, procura o que acredita ser sua competência e o que seráreconhecido como valor pelo olhar do outro para se fortalecer. Por isso, definitivamente, aqualidade da abordagem do adulto fará a diferença entre a aproximação ou o distanciamento dos valores morais necessários para a convivência social.
Já pensou sobre essas questões? Deixe sua valiosa contribuição para novas reflexões!
Fonte: Revista gestão escolar - Imagem: shutterstock_259696079