Alunos, professores, pais e
gestores precisam refletir sobre o uso das redes sociais a favor do aprendizado
e da melhoria das relações
Hoje em dia, é muito difícil
alguém ter um telefone celular e não acessar aplicativos como o WhatsApp. Por
meio dele, são criados grupos com diversos objetivos, sempre com a intenção de
fortalecer a comunicação entre os usuários. Algumas conversas têm finalidades
escolares. Pode-se, por exemplo, avisar sobre lições de casa e tirar dúvidas
com os colegas. Outras servem apenas para entreter e incluem trocas de vídeos,
fotos e piadas. Infelizmente, também há conversas usadas para denegrir,
caluniar, fazer fofoca e difamar colegas, professores e gestores.
Muitos alunos que estão nos
anos finais do Ensino Fundamental já possuem celulares, e a maioria está
inserida em pelo menos um tipo de rede social. Essas interações geram,
portanto, implicações para a família e para a escola. Os pais precisam ficar
atentos ao conteúdo que circula nos celulares dos filhos, fiscalizar e
controlar o uso dos aparelhos. Entretanto, o mais importante é manter sempre um
diálogo sobre as questões éticas que envolvem a participação nas redes. O que o
jovem deve fazer se receber uma mensagem que expõe uma pessoa? Como agir ao ler
um texto com conteúdo preconceituoso? Quais as consequências de participar de
uma conversa que envolva cyberbullying?
É essencial lembrar que
crianças e jovens aprendem com modelos. Então, os pais têm de se questionar
sobre o uso que eles próprios fazem do celular e a qualidade de suas
participações em aplicativos como o WhatsApp. Pensando no ambiente escolar,
muitos criam grupos de conversa com o objetivo de fortalecer o vínculo entre as
famílias e compartilhar informações sobre assuntos pertinentes à vida de
crianças que estão na mesma classe. Porém, alguns acabam por trazer prejuízos
enormes para os próprios alunos e para a escola. Isso ocorre, por exemplo,
quando a interação é usada para queixarem-se sobre a conduta de professores ou
estudantes.
Há pais que, diante de um
problema, em vez de buscar um canal direto de comunicação com a escola, expõem
suas preocupações em mensagens de texto de forma ofensiva e desrespeitosa. Já
soube de grupos de familiares que se mobilizaram para pedir a expulsão de alunos
ou mesmo o afastamento de docentes. Também não é raro presenciarmos
responsáveis que expõem os próprios filhos e outras crianças com imagens ou
palavreado inadequado, julgamentos e estigmatizações desnecessárias. Problemas
pequenos acabam ganhando uma dimensão maior, o que só dificulta a resolução.
Assim, surgem indisposições e até inimizades entre os pais dos alunos.
À escola, cabe orientar as
famílias a fazer um uso potente desse recurso tecnológico, por exemplo,
compartilhando assuntos de interesse geral (sobre saúde, programação cultural
etc.), e lembrá-las de que, quando tiverem questões sobre a vida escolar dos
filhos, o melhor canal é a comunicação direta com a gestão. Afinal, alguém já
viu um problema delicado ser resolvido pelas redes sociais? Também é
interessante promover reflexões com os estudantes sobre o uso consciente dessas
ferramentas e utilizá-las em sala de aula de maneira positiva, potencializando
a construção de boas relações e o aprendizado.
Fonte: Revista gestão escolar