domingo, 16 de fevereiro de 2014

O AUTORITARISMO PROFESSORAL

Entra governo, sai governo, e as crianças e jovens permanecem à mercê dos caprichos das autoridades. Não faltam planos nem especialistas em ditar o que deve ser feito para melhorar a educação. Há exceções: almas de boa vontade que provavelmente Dante não colocaria no inferno. Mas, no inferno dantesco bem que caberiam muitos dos que reproduzem e perpetuam a realidade de exclusão social, e torturam os corpos e almas dos nossos jovens e crianças com exigências inúteis e demonstrações de autoritarismo, transformando vidas num inferno desconhecido para o autor de A Divina Comédia.

Uma conversa sincera com uma criança ou um jovem indica que, em muitos casos, a sala de aula mais se assemelha a uma prisão. O aluno, como o preso em liberdade condicional, vê-se obrigado a comparecer diariamente, ouvir o que não quer e fazer o que não gosta. Prevalece o desprazer, impera o medo e os abusos de autoridade. Em vez de reconhecer no professor a autoridade legítima, o apoio que necessita para o crescimento intelectual, o aluno vê-se diante da alternativa de obedecer e se submeter aos caprichos de profissionais sem a mínima vocação e preparo para a árdua, porém, sublime, tarefa de educar; ou, ao contrário, rebelar-se e sofrer as consequências e os estigmas. Isso é particularmente grave em relação às crianças mais tímidas, as quais sofrem mais intensamente e se sentem desprotegidas. Para elas, a falta do professor ou a mudança para outra escola é um alívio.

Qual deve ser a atitude do aluno diante do professor que grita, chama-o de burro e outros epítetos e não o respeita? Como deve reagir o aluno quando o professor abusa da autoridade? O que explica, caro professor, que seu colega consiga manter a disciplina da turma, dar a aula e conquistar o respeito dos alunos, sem precisar gritar, ameaçar com provas surpresas, diminuir a nota ou expulsá-los da sala? Será que você não confunde respeito com medo e autoridade legítima com autoritarismo? O que se pode esperar do processo educativo quando o professor se impõe pelo terror e exigências absurdas, como trabalhos e provas de caráter punitivo?

Qual deve ser a atitude do aluno quando percebe que o professor não prepara a aula, não tem didática, não formula adequadamente as questões da avaliação ou exige conteúdos não trabalhados em sala de aula (ou não discutidos como deveria); ou, ainda, pede trabalhos sem explicar o que realmente deseja? O que se pode esperar de professores cuja tarefa consiste apenas e unicamente num meio de vida, num trabalho assalariado como outro qualquer, e que, sem qualquer vocação para serem educadores, projetam seus descontentamentos, neuroses e fracassos, na relação com seus alunos, infernizando as suas vidas? Como reagir diante de profissionais que humilham seus alunos dizendo que, por estudarem em escolas públicas, estão condenados ao fracasso e, assim, jogam ladeira abaixo a autoestima deles?

Se um avião cai ou um prédio desaba, procuram-se os culpados; se o time perde insistentemente, a torcida logo encontra o culpado (coitado do técnico!). Porém, se os alunos vão mal, a culpa é deles. Talvez sejam indolentes ou não inteligentes o suficiente para compreender o tão inteligente e genial professor. Será que as dificuldades de compreensão ou repetência da maioria dos alunos é sinônimo de rigor professoral? Se considerarmos que a função do professor é ensinar, isso é um contrassenso.

Texto original: Ozaí.
Foto: http://educador.brasilescola.com/orientacoes/autoridade-professor.htm





domingo, 9 de fevereiro de 2014

POR QUE OS ALUNOS DESISTEM?!

Tenho o prazer de trabalhar como professor e ter um contato direto com meus alunos. Embora as aulas sejam apenas em alguns dias da semana e haja percalços, é uma alegria vê-los participativos, dedicados e interessados em aprender. Lembro-me de quando era graduando, com um mundo a descobrir. Concentrava-me na fala dos professores, anotava tudo que podia e lia com a curiosidade de uma criança a descortinar o mundo.

Cada aula e leitura alimentavam a expectativa do aprendizado, sentia-me um ser em transformação. O melhor, porém, foi aprender a aprender, ou seja, a certeza de que sempre há algo a aprender e que é finita a capacidade de apreender. Aprendi a manter uma atitude intelectual fundada na humildade dos que sabem que não sabem e, consequentemente, a curiosidade inerente ao neófito. O processo de aprendizado tornou-se contínuo e prazeroso. Surpreendo-me diante das descobertas e redescobertas nas obras e textos que leio, nos filmes que assisto e em minha práxis docente. Se cada vez mais me convenço dos limites e insuficiências do que sei, também me acalenta saber que continuo aprendendo e que este aprendizado é como um voo que me leva a outros territórios e mares.

Vejo-me em meus alunos, percebo em muitos deles a ânsia pelo conhecimento, o prazer da descoberta, a alegria de sentir a metamorfose da formação intelectual. Alegra-me ainda mais vê-los confrontar os vícios que trazem do ensino dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a tendência a privilegiarem o conteudismo e a decoreba; contenta-me observá-los ensaiando voos autônomos e a superar a insegurança e a dependência diante da figura do professor.

Talvez este seja o aluno ideal e a minha percepção seja apenas um vislumbre. Ainda que observe aspectos que a confirma, a realidade da vida me ensinou que o aluno real nem sempre corresponde às expectativas. O erro não é dele, mas da idealização. O aluno real vive numa sociedade que o pressiona a preparar-se para a competição. Assim, é equivocado esperar que desenvolva o amor desinteressado pelo conhecimento. Talvez este seja um dos fatores que explique a desistência.

Que outros aspectos explicariam a renúncia dos estudantes? Esta começa a se efetivar já no decorrer do primeiro semestre e tende a acentuar-se na passagem para o próximo ano. Por quê? Qual a nossa responsabilidade enquanto docentes? Qual a nossa “contribuição” para que desistam? Há várias causas, porém, é de se pensar sobre o que fazemos com os nossos alunos.

De qualquer forma, observo que, especialmente no ano seguinte, quando trabalho com as mesmas turmas que conheci no ano anterior, o grau de desistência é alto. A experiência mostra também que, entre os formalmente matriculados, a assiduidade é instável, há os “turistas” e aqueles que aparecem mas não acompanham a aula – estão na sala, mas apenas fisicamente.


Na escola pública é a sociedade que arca com os custos. Além disso, o dinheiro gasto na escola pública poderia ser utilizado em outros serviços públicos. Os alunos tem consciência disto? Nós, professores, estamos dispostos a reconhecer o problema? Quando vamos superar o hábito das reuniões burocráticas, restritas às formalidades, e assumiremos a necessidade de refletir e discutir pedagogicamente? Quando vamos realmente ouvir nossos alunos e tentar compreender os motivos que os levam a desistir. Este é o primeiro passo para encontrarmos as respostas. Por que, enfim, os alunos desistem de estudar?

Adptação Professor Luciano Silva,
Fonte: http://antoniozai.wordpress.com




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

PREFEITURA GARANTE DIREITO DOS PROFESSORES SOBRE CARGA HORÁRIA

A Prefeitura de Martinópole, através da Secretaria de Educação, garantiu o direito dos professores de terem um terço da carga horária semanal para planejamento de aulas e aperfeiçoamento pedagógico. A informação foi dada pelo secretário municipal da Educação, Professor Aderaldo, em reunião com os gestores das escolas do município.

Segundo informações obtidas pela nossa produção, os professores do Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano da rede municipal de educação, já estão com a carga horária definida. Com a implantação de 1/3, muitos professores foram realocados para assumir a demanda.

A atual gestão está garantindo o cumprimento da Lei do Piso (Nº 11.738), de 2008, que destina 1/3 da carga horária da categoria à realização de atividades extraclasses.

Os professores classificam a medida como “extremamente importante”, por possibilitar melhorias na educação a partir da garantia de terem mais tempo para se qualificar, planejar e se informar. Os professores passam a ter mais qualidade de vida e, ao mesmo tempo, a desempenhar melhor suas funções, em benefício do aluno e da educação.

APLICAÇÃO DA LEI

Com a adoção da medida, os professores terão um dia e meio por semana fora da sala de aula para planejar atividades pedagógicas, realizar estudos individuais ou coletivos, organizar os materiais didáticos e participar de formações pedagógicas para favorecer a capacitação contínua na própria escola.  A destinação do tempo para atividades extraclasses dependerá da quantidade de horas que o professor dedica à rede.

A professora Cristiane Cabral, atualmente gerente do PAIC no município, afirmou que os professores do Ensino Infantil têm apenas 1/4 do tempo para realizar os trabalhos extraclasses, porém os mesmos contam com um professor auxiliar. “Nós fizemos tudo aquilo que estava dentro das possibilidades do município na aplicação desse um terço. Mas foi um avanço termos conquistado esse tempo para todos os professores do Ensino Fundamental”, disse.

Para a professora Franciane Arruda, que trabalha em apoio à gestão na SME, a medida só traz benefícios ao corpo docente e discente. “Em um tempo em que as escolas não são mais atrativas para as crianças e jovens, a destinação deste tempo para o corpo docente estudar e pesquisar métodos mais dinâmicos para tornarem suas aulas mais atrativas só beneficia a todos. A ação veio em boa hora”, avaliou.