Policiais com máscara - Getty Images
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A atual crise de proliferação
do coronavírus no mundo não foi a primeira e nem a pior pandemia que o mundo já
vivenciou. Um dos episódios mais caóticos foi a Gripe
Espanhola, uma influenza viral que tomou o globo em 1918, sendo responsável
pela morte de 100 milhões de pessoas, completando 5% da população.
Porém, assim como nos atuais,
foram divulgadas dicas de proteção contra a doença na contenção da pandemia,
em que médicos e sanitaristas eram consultados na medida em que o quadro se
agravava. No Brasil, não foi diferente: recomendações eram divulgadas em
grandes mídias na tentativa de educar a população.
Cães e gatos usavam máscaras durante a gripe espanhola |
Um dos exemplos dessa prática
foi a Revista O Malho (acessível em PDF por esse link),
edição de número 841, de 1918, apresentou “conselhos para evitar o ataque da
gripe ou influenza”, que eram, praticamente, muito próximos ao que hoje se
recomenda contra o coronavírus.
“EVITAR o uso e, com maior
razão, o abuso de bebidas alcoólicas."
"LAVAR a boca e gargarejar
com uma solução de sal de cozinha, na seguinte proporção: uma colher de sopa
para um litro de água fervida."
"FAZER diariamente uso de
uma solução de essência de canela, conforme as seguintes doses: ima colherinha
das de café em meio copo de água açucarada de duas em duas horas, até
desaparecer a febre, Depois tomar uma colherinha em meio copo de água três
vezes ao dia."
"EVITAR aglomerações,
principalmente à noite."
"NÃO fazer visitas".
"TOMAR cuidados higiênicos
com o nariz e a garganta: inalações de vaselina mentolada com água iodada, com
ácido cítrico, tanino e infusões contendo tanino, cmo folas de goiabeira ou
outras".
"TOMAR, como preventivo,
internamente qualquer sal de quinino [...]".
"EVITAR toda a fadiga ou
excessos físicos".
“O DOENTE, aos primeiros
sintomas, deve ir para a cama, pois o repouso auxilia a cura e afasta as
complicações e contagio. Não deve receber, absolutamente, nenhuma visita".
"EVITAR as causas de
resfriamento, é de necessidade tanto para os sãos, como para os doente e os
convalescentes".
"AS PESSOAS IDOSAS devem
aplicar-se com mais rigor todos esses cuidados”.
O texto é seguido de um
pronunciamento do Cardeal Arcoverde com um apelo pelo seguimento das
recomendações médicas e a confiança da população nos profissionais da saúde.
Página reproduzida / Crédito: Domínio Público
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Além das receitas de produtos e
remédios caseiros, as soluções de práticas cotidianas são muito próximas das
atuais. A forte advertência contra aglomerações, os pedidos de reclusão e o
destaque para a proteção dos idosos são tão próximos aos apelos da atual
pandemia que chegam a coincidir.
Esse fato é decorrente da
semelhança entre os dois agentes patológicos: ambos vírus, eles agem de formas
parecidas. O coronavírus (gênero
de vírus) causador da atual pandemia de COVID-19 é, especificamente, o
SARS-CoV-2, gerador de uma crise respiratória aguda grave, enquanto a Gripe
Espanhola foi causada por uma influenza de uma estirpe do vírus H1N1. Ambos se
reproduzem rapidamente, com alta taxa de mutação, e são disseminados por
fluidos das mucosas, como cuspe e remela, ou seja, são transmissíveis pela
respiração.
É importante compreender que as
recomendações médicas são de suma relevância na contenção de uma pandemia como
a do COVID, e elas serão a base para que a disseminação dessa doença não chegue
aos níveis alarmantes que chegaram a influenza de 1918. A tragédia pode ser
evitada com a confiança nos profissionais, na academia e na ciência.
Peste bubônica, Tifo, Influenza
A, Gripe Aviária, Cólera, H2N2... muitas foram as pandemias mundiais que foram
geradas não apenas por agentes biológicos, mas principalmente pelo descaso
(somado à ignorância e à falta de preocupação) que tem origem social. Longe de
ser culpa unicamente da fonte originária das patologias (Infuenza na Espanha
e Coronavírus
na China), é necessário um esforço global em nome da saúde pública e da
responsabilidade governamental.
*(OUL/HA)