domingo, 26 de janeiro de 2020

De Maquiavel às redes sociais.


*Por Reginaldo Silva
Basta abrir a tela de um celular que é possível encontrar um governante fazendo uma enquete ou voltando atrás de uma decisão tomada em virtude da pressão das redes sociais. Elas tanto impulsionam imagens de forma positiva, quanto fazem verdadeiros estragos em personalidades públicas quando usadas de forma negativa.

Maquiável foi um importante consultor de “marketing político” no período das monarquias absolutistas, embora pareça insignificante o uso da imagem naquela época, uma vez que os reis se mantinham no poder pela força de seus exércitos e religião que moldavam o comportamento das sociedades, ele sabia da importância do governante manter o apoio popular.

Um povo forte e organizado é sempre uma ameaça para qualquer regime, seja no mundo real ou virtual.

Embora as redes sociais sejam um fenômeno relativamente novo é inegável a mudança de comportamento das sociedades a partir de sua utilização. Comportamentos que considerávamos inadequados, tornaram-se aceitáveis do dia para noite nas redes sociais.

No campo político, a mais recente eleição presidencial no Brasil, teve toda uma estrutura organizacional mudada em virtude do uso das redes, tanto na difusão das boas como das más notícias, as chamadas “Fake News” que circularam com força total no pleito passado e que ainda permanecem vivas neste ano eleitoral.

Ilustres desconhecidos do mundo real foram arrastados pela avalanche das redes sociais e conduzidos ao poder pela força das urnas, desempregando velhos conceitos infalíveis de cientistas políticos.

Na era das informações em tempo real, a sociedade civil ganha mais espaço no mundo político e torna-se protagonista dos seus desejos e aspirações.

De Maquiavel às redes sociais, muita coisa mudou, embora estejamos tão perto, continuamos cada vez mais longe e a melhor forma de identificar as pessoas, ainda são aquelas mais primitivas, olhando olho no olho, muito embora, o mundo virtual seja um caminho sem volta.
*Ceará Noticias




sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Eleições 2020: A decisão de concorrer


Por Francisco Ferraz

Tomar a decisão de concorrer é um problema que afeta a todos os pré-candidatos a uma eleição. Para alguns se trata do próximo passo numa carreira já assumida. Para outros, entretanto, implica numa decisão complexa e até angustiante.

A decisão de concorrer empurra o candidato para o melhor e para o pior dos mundos.

É uma experiência inesquecível que, no breve espaço de tempo em que ocorre, traz à tona o melhor e o pior das pessoas.

Você deve pensar bastante antes de dar este passo. Concorrer implica em jogar-se num mundo novo, fascinante e atemorizante, que tem o poder de fazer com que sua vida nunca mais seja como era antes. Ela será melhor ou pior, mas o certo é que não será igual.

Poucas atividades produzem um envolvimento pessoal tão intenso e tão exigente quanto à de ser um candidato. A candidatura provoca altos e baixos no seu humor e sentimentos, a cada dia ou mesmo a cada hora.

Com a decisão de concorrer, você transita, de maneira imediata, do mundo privado para a esfera da vida pública. Nesta passagem há perdas e ganhos. Você perde a proteção de sua privacidade, o comando do seu tempo, e muito da qualidade de sua vida pessoal e familiar.

Você por outro lado, ganha a experiência única de participar e influir nas questões maiores da sua comunidade, o envolvimento no mais emocionante dos jogos que um adulto pode jogar e a condição honrosa, para você e sua família de poder tornar-se uma autoridade pública.

A decisão de concorrer, portanto, considerando-se todos os aspectos que envolve, exige uma madura reflexão prévia e um julgamento sóbrio e realista. Você tem que entrar sabendo para não se arrepender depois.

Embora quem decida concorrer o faça na expectativa da vitória, é oportuno estar consciente de que, somente uma fração pequena dos que se candidatam conseguirá se eleger. Saber conviver com a derrota é, pois, uma condição psicológica indispensável.

É bem verdade que as derrotas na política, não são absolutas. Sua votação é seu capital. Um candidato derrotado para uma função pode vir a ocupar outra (derrota parcial/vitória parcial) em razão da votação que logrou fazer. É, pois, possível permanecer no “jogo”, mesmo não tendo obtido sucesso na disputa que enfrentou.

Para quem decidiu concorrer, portanto, o importante é continuar no jogo, o que se consegue com o apoio dos eleitores, mesmo que em número insuficiente para se eleger.

A competição política, como disputa, não é uma escaramuça simples, onde pessoas de “pele sensível” se enfrentam.

Ela exige, ao contrário, “pele grossa” para resistir os ataques, muita determinação, vontade e firmeza. Os melhores candidatos são operadores “duros”, capazes de aplicar tantos golpes quanto os que recebem.

Deve-se estar preparado para lidar com gestos tocantes de apoio e solidariedade, assim como gestos de covardia e traição. Deve-se ser capaz de inspirar outros, de motivá-los, de identificar-se com os seus sentimentos e desejos, sem comprometer sua visão estratégica e racional. Não se faz campanha sem emoção, mas não se ganha sem planejamento e racionalidade.

A decisão de concorrer implica também na decisão de preparar-se para a campanha eleitoral. O talento para a política pode ser inato na pessoa. Como em outras áreas, entretanto, o aproveitamento do talento como um diferencial na competição, dependerá sempre da disciplina, da preparação, do aprendizado e, no caso da política, da capacidade de produzir um trabalho coletivo.

O talento, sem estes acompanhamentos, pode produzir lances brilhantes, mas carecerá da continuidade, da profundidade e da disciplina, sem as quais dificilmente se conquista a vitória.

Há um conhecimento, testado e comprovado, sobre eleições e campanhas eleitorais, que o candidato não pode ignorar. Mais ainda, este é um conhecimento que está em constante transformação e evolução, de forma que, mesmo os políticos experientes, precisam se atualizar.

Uma campanha eleitoral moderna é um empreendimento muito complexo e sofisticado, quando comparado com as formas antigas e tradicionais de fazê-la.

Correndo contra um tempo que sempre é inferior ao desejável, e, contra uma necessidade de recursos que sempre é maior do que a disponibilidade, o planejamento e a organização para a coleta de informações, o posicionamento estratégico da candidatura, o marketing da campanha e as atividades presenciais do candidato, são imperativos dos quais dependem as chances de sucesso na disputa.

Na realidade, a campanha eleitoral é uma empresa (em certos casos, uma grande empresa) feita para durar alguns meses e produzir uma vitória. Montar esta empresa, sustentá-la e operá-la com eficiência, constitui um desafio que, por certo, exige preparação prévia e conhecimento.

A condição primeira, para que estas exigências da moderna campanha eleitoral sejam satisfeitas, é:

Uma decisão de concorrer, assumida “com gosto”, disposição para enfrentar o que vier pela frente e a ambição de vitória.
*Politica para políticos.