sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Eleições 2020: A decisão de concorrer


Por Francisco Ferraz

Tomar a decisão de concorrer é um problema que afeta a todos os pré-candidatos a uma eleição. Para alguns se trata do próximo passo numa carreira já assumida. Para outros, entretanto, implica numa decisão complexa e até angustiante.

A decisão de concorrer empurra o candidato para o melhor e para o pior dos mundos.

É uma experiência inesquecível que, no breve espaço de tempo em que ocorre, traz à tona o melhor e o pior das pessoas.

Você deve pensar bastante antes de dar este passo. Concorrer implica em jogar-se num mundo novo, fascinante e atemorizante, que tem o poder de fazer com que sua vida nunca mais seja como era antes. Ela será melhor ou pior, mas o certo é que não será igual.

Poucas atividades produzem um envolvimento pessoal tão intenso e tão exigente quanto à de ser um candidato. A candidatura provoca altos e baixos no seu humor e sentimentos, a cada dia ou mesmo a cada hora.

Com a decisão de concorrer, você transita, de maneira imediata, do mundo privado para a esfera da vida pública. Nesta passagem há perdas e ganhos. Você perde a proteção de sua privacidade, o comando do seu tempo, e muito da qualidade de sua vida pessoal e familiar.

Você por outro lado, ganha a experiência única de participar e influir nas questões maiores da sua comunidade, o envolvimento no mais emocionante dos jogos que um adulto pode jogar e a condição honrosa, para você e sua família de poder tornar-se uma autoridade pública.

A decisão de concorrer, portanto, considerando-se todos os aspectos que envolve, exige uma madura reflexão prévia e um julgamento sóbrio e realista. Você tem que entrar sabendo para não se arrepender depois.

Embora quem decida concorrer o faça na expectativa da vitória, é oportuno estar consciente de que, somente uma fração pequena dos que se candidatam conseguirá se eleger. Saber conviver com a derrota é, pois, uma condição psicológica indispensável.

É bem verdade que as derrotas na política, não são absolutas. Sua votação é seu capital. Um candidato derrotado para uma função pode vir a ocupar outra (derrota parcial/vitória parcial) em razão da votação que logrou fazer. É, pois, possível permanecer no “jogo”, mesmo não tendo obtido sucesso na disputa que enfrentou.

Para quem decidiu concorrer, portanto, o importante é continuar no jogo, o que se consegue com o apoio dos eleitores, mesmo que em número insuficiente para se eleger.

A competição política, como disputa, não é uma escaramuça simples, onde pessoas de “pele sensível” se enfrentam.

Ela exige, ao contrário, “pele grossa” para resistir os ataques, muita determinação, vontade e firmeza. Os melhores candidatos são operadores “duros”, capazes de aplicar tantos golpes quanto os que recebem.

Deve-se estar preparado para lidar com gestos tocantes de apoio e solidariedade, assim como gestos de covardia e traição. Deve-se ser capaz de inspirar outros, de motivá-los, de identificar-se com os seus sentimentos e desejos, sem comprometer sua visão estratégica e racional. Não se faz campanha sem emoção, mas não se ganha sem planejamento e racionalidade.

A decisão de concorrer implica também na decisão de preparar-se para a campanha eleitoral. O talento para a política pode ser inato na pessoa. Como em outras áreas, entretanto, o aproveitamento do talento como um diferencial na competição, dependerá sempre da disciplina, da preparação, do aprendizado e, no caso da política, da capacidade de produzir um trabalho coletivo.

O talento, sem estes acompanhamentos, pode produzir lances brilhantes, mas carecerá da continuidade, da profundidade e da disciplina, sem as quais dificilmente se conquista a vitória.

Há um conhecimento, testado e comprovado, sobre eleições e campanhas eleitorais, que o candidato não pode ignorar. Mais ainda, este é um conhecimento que está em constante transformação e evolução, de forma que, mesmo os políticos experientes, precisam se atualizar.

Uma campanha eleitoral moderna é um empreendimento muito complexo e sofisticado, quando comparado com as formas antigas e tradicionais de fazê-la.

Correndo contra um tempo que sempre é inferior ao desejável, e, contra uma necessidade de recursos que sempre é maior do que a disponibilidade, o planejamento e a organização para a coleta de informações, o posicionamento estratégico da candidatura, o marketing da campanha e as atividades presenciais do candidato, são imperativos dos quais dependem as chances de sucesso na disputa.

Na realidade, a campanha eleitoral é uma empresa (em certos casos, uma grande empresa) feita para durar alguns meses e produzir uma vitória. Montar esta empresa, sustentá-la e operá-la com eficiência, constitui um desafio que, por certo, exige preparação prévia e conhecimento.

A condição primeira, para que estas exigências da moderna campanha eleitoral sejam satisfeitas, é:

Uma decisão de concorrer, assumida “com gosto”, disposição para enfrentar o que vier pela frente e a ambição de vitória.
*Politica para políticos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários poderão passar por moderações para depois ficar visivel ao público, por isso utilize este espaço de forma consciente.
Obrigado.