Você já passou
pela situação de ter de chamar a atenção de um aluno “indefinidamente” e ele
nem dar a mínima para você ? Com certeza, nessa situação você chamou a atenção
uma vez, depois duas, depois três e……nada do aluno fazer o que você pedia.
Na verdade demorei
muito para aprender que, ao dar vários “avisos” eu estava, dando ao aluno um
passe livre para que ele continuasse a fazer o errado.
Você já deve,
também ter ouvido a seguinte pérola do aluno: “ não adianta mandar bilhete não,
porque minha mãe não vai fazer nada comigo “.
No meu primeiro
ano de magistério, lá estava eu ávida para aplicar tudo o que havia aprendido
na Faculdade. Agora era a hora de colocar em prática tudo o que os teóricos e
especialistas diziam que era apropriado para disciplinar os alunos mais
afoitos.
Então o que eu
fazia quando os ânimos começavam a ficar inflamados e a sala a sair do controle
era pegar o giz de escrever e anotar no quadro o nome de quem estava
bagunçando. Como segundo aviso, caso o aluno continuasse bagunçando , (claro
que eles continuavam), eu fazia o quê? Uma MARCA ao lado do nome dele que já
estava no quadro. E como terceiro aviso, caso ele ainda persistisse na bagunça
(eles sempre persistiam), eu sempre encontrava uma outra mega maneira que não
levava a nada.
Como eu logo
descobri, esse “sistema” não funcionaria nunca. Quem iria intimidar-se com o
nome no quadro? Ou com uma marca ao lado do nome ? O aluno sempre esperava que
eu fornecesse uma consequência , e na verdade o que eu dava para ele era um “
passe livre” para continuar bagunçando.
No final da aula,
além de eu ter uma folha toda decorada e marcada com vários nomes eu ainda
continuava com uma sala de aula toda desgovernada. Moral da estória: eu estava
longe de saber o que devia fazer.
Depois de muito
observar, tentar, testar, insistir, retroceder depois voltar, analisar os
teóricos e os especialistas, constatei que não existe uma receita que se
aplique a toda as situações. Cada indivíduo e cada situação, são únicos e,
portanto exigirão soluções específicas.
Infelizmente, há
muitos Educadores ávidos de soluções prontas, ficam eternamente em busca do “
Santo Graal da Sala de Aula” e se frustram dizendo que a teoria, que cursos,
que ideias, que sugestões, nada funcionam.
O fato é que, TUDO
contribui para criarmos o nosso próprio sistema de gerenciamento da sala de
aula no que diz respeito a criar as consequências, as regras, o manejo da turma,
a preparação das aulas, a seleção das estratégias e atividades.
Seja lá qual for a
consequência que você tenha definido para inibir o comportamento desrespeitoso
de um aluno, seja tirá-lo da sala de aula, seja fazê-lo apresentar um resumo da
lição para todos da sala no intuito de verificar o entendimento, seja chamar os
Pais, acionar a Coordenação, fazê-lo copiar 100 vezes no caderno “ não farei
mais isso” (ainda tem Professor que pede isso), o segredo é: aplicar a
consequência IMEDIATAMENTE.
Isso mesmo, sem
dar aviso, sem dar dica, sem ficar adulando ou ameaçando. A eficácia de
qualquer sistema de gerenciamento da sala de aula envolve a seguinte premissa:
cumpra, imediatamente, o que foi combinado. Nada de julgamentos, bate-boca,
justificativas. Seja certeiro e cumpra a sentença.
Aqui vai um
alerta: você não dará o aviso porque todas as consequências e regras já foram
COMBINADAS. No início do ano é de praxe definirmos a “Constituição da Sala” ou
“Combinados da Classe”, onde todos já sabem o que acontecerá em cada situação,
ou regra que for infringida. Antes de aplicar a consequência o Professor sempre
fará referência aos ” Combinados” (deixe as consequências por escrito sempre à
mostra na sala de aula). Outro modo de aplicar a consequência é sempre antes
perguntar para a classe o que foi combinado para aquela situação, deste modo o
aluno a ser disciplinado tira o foco do Professor e se concentra na reparação
do erro.
Faça a seguinte
conta: Em uma sala com 30 alunos, cada um tem direito a receber até 3 avisos
antes que o Professor tome alguma providência teremos então 90 momentos de
bagunça até que o aluno receba a devida consequência pelos seus atos. Então a
saída é: não dar aviso NENHUM.
Errado: “ Átila,
fique quieto. Se eu tiver que ir até a sua carteira, você já sabe o que vou
fazer, blá, blá, blá “
Correto: “ Átila,
você está atrapalhando a sala de aula. Você ficará 15 minutos após a aula para
finalizar suas tarefas”
Talvez a sua
pergunta seja: “ A estória terminaria aí ” ? Provavelmente não. No entanto ao
cessar em dar tantos avisos, ou de ficar ameaçando e não fazendo nada, o
Professor estará contribuindo para criar uma atmosfera de paz.
Se você já
desenvolveu ou está desenvolvendo um sistema de gerenciamento de sala,
compartilhe no nosso blog. Trocar experiências com outros colegas pode fornecer
excelentes ideias e estratégias.