quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

NOS BASTIDORES DO PODER



Talvez esses livros sejam mais um manual de sobrevivência para quem se aventura "Nos Bastidores do Poder", há quem os ache mensagens deploráveis, o pior já produzido pela escoria sedenta de poder, eu já os vejo como formas de entender o ser humano principalmente os seduzidos por aquela coisinha que brilha os olhos e faz com que qualquer mero mortal se sinta superior aos demais.

Depois de algum tempo a gente aprende a observar mais atentamente o não dito, as contradições entre o discurso e a ação. Necessário se faz conhecer a personalidade de cada um e até onde iriam para se manterem agarradas às suas tábuas de salvação.

Para iniciar os textos de "Nos Bastidores do Poder", eu resolvi falar sobre os perigos do confiar demais, do acreditar que as pessoas fariam por você o mesmo que você faz por elas.

Um pouco de História

Diz a História que em meados do Século 9 no Império Bizantino, um jovem príncipe chamado Miguel III ascendeu ao trono após banir sua própria mãe e assassinar seu padastro com a ajuda do seu Tio Bardas, homem inteligente e astucioso. Como Miguel era um soberano muito jovem e inexperiente rodeado de conspiradores gananciosos pelo poder, pressentindo-se em perigo precisava de alguém em quem pudesse confiar cegamente e que o auxiliasse nas decisões do seu reinado, quem melhor para tal tarefa do que um amigo que lhe devia tudo.
O amigo em questão era Basílio, jovem camponês cuidador dos cavalos do palácio que ele havia conhecido recentemente e que tinha salvo sua vida durante uma visita aos estábulos, a força e a coragem do rapaz pobre impressionaram o Rei, que logo o elevou ao posto de treinador dos cavalos, cobriu-o de presentes e favores, transformando o camponês rude num rapaz culto e sofisticado, então seu melhor amigo.

Ignorando que seu Tio Bardas era muito mais qualificado para a função de conselheiro, Miguel III nomeou Basílio a quem ele amava como a um irmão para a função de maior importância do seu reinado.

Basílio aprendeu rapidamente que tinha o amigo poderoso em suas mãos e aprendeu a tirar dele tudo que queria em troca do seu afeto, seu único problema parecia ser mesmo o dinheiro, quanto mais tinha mais queria, a exposição aos esplendores da Corte Bizantina o tornaram um deslumbrado pelo poder, Miguel III dobrou seu salário depois triplicou, deu a ele um titulo de nobreza e o casou com sua própria amante. O que poderia valer mais que um amigo conselheiro tão confiável?

Mas os problemas não pararam por ai, Bardas estava chefiando os exércitos, e Basílio convenceu o Rei que o Tio era ambicioso demais, que assim como tinha conspirado para fazê-lo Rei a qualquer momento poderia conspirar para destroná-lo e assumir ele mesmo a coroa, destilando todo seu veneno nos ouvidos do Imperador até que convenceu-o a mandar assassinar o próprio tio. Então Basílio pediu para assumir também o controle dos exércitos e isso também lhe foi concedido.

Enquanto Basílio enriquecia a olhos vistos através dos favores do rei, Miguel e o reino começaram a passar dificuldades financeiras por causa de suas extravagancias, então pediu ao amigo que lhe devolvesse parte daquilo que o tinha dado durante anos. Para espanto de Miguel, Basílio se recusou terminantemente a ajudar o amigo, diante disso o Rei se deu conta que o pobre cavalariço tinha mais dinheiro do que ele, mais aliados junto aos exércitos e no senado, mais poder do que o próprio Imperador.

Algumas semanas depois da infeliz constatação Miguel III acorda rodeado por soldados, enquanto Basílio assiste seu mais fiel amigo sendo apunhalado, ele mesmo atravessou as ruas de Bizâncio exibindo a cabeça do seu ex-benfeitor e melhor amigo espetada numa lança. 

Aprendendo com os Exemplos

Sem duvida Miguel apostou na gratidão que ele "achava" que Basílio deveria sentir por ele, que o serviria fielmente, pois devia ao Imperador sua fortuna, sua educação e sua posição, uma vez Basílio no poder, tudo que precisava era manter os vínculos de amizade com ele. Só naquele dia fatídico, ao ver o sorriso no rosto do amigo foi que compreendeu o erro fatal que tinha cometido, havia criado um monstro, tinha permitido que um homem visse o poder de perto, alguém que depois quis mais e mais, e simplesmente fez o que muita gente faz nessa situação: esquece os favores que recebeu.

"Senhor, proteja-me dos meus amigos, que dos meus inimigos cuido eu". (Voltaire)

Baseado no Livro 48 Laws of Power, de Robert Greene


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