Quer você seja um Professor
recém formado ou veterano, tenho certeza que já vivenciou, alguma, ou várias
situações envolvendo ” bate boca” com aluno. Provavelmente você ficou
estressada, perdeu tempo, atrasou o planejamento , desentendeu-se com os Pais
do aluno, levou bronca da Coordenação, desgastou-se e…. não chegou a lugar
nenhum.
Na verdade, essas situações
potencializam a indisciplina já existente na sala de aula, pois drena todas as
forças, motivação, interesse e paciência do Professor.
Mas, para compreendermos como
lidar com situações de “bate boca” é preciso conhecermos como elas se
desenrolam e o que as desencadeia, para que possamos definitivamente
combatê-las e extirpa-las.
O que é o “bate-boca” ?:
Coloquialmente denominamos de
“bate boca” toda discussão verbal, que ocorre de forma acalorada com a troca de
palavras ásperas, e no final das contas não se resolve nada, portanto
mostram-se inúteis. Quando discussões deste tipo ocorrem na sala de aula servem
para tumultuar e deixar todos de ânimos exaltados.
Tipos de bate boca:
Existem três grandes gatilhos
que prenunciam que um “bate boca” vai começar, são eles:
1)Fazer perguntas redundantes:
Átila, porque você está
conversando? Já não falei que é para fazer a lição ?
“Parece familiar ? Pois é, eu
também já fiz perguntas desse tipo. Quando fazemos perguntas redundantes é como
se, implicitamente, disséssemos aos nossos alunos :
“ Átila, farei uma pergunta
redundante para que você possa distorcê-la e manipular-me e quem sabe até ficar
com o controle da situação, talvez a sala inteira até divirta-se às minhas
custas se você complementar com alguma gracinha no final
“ao fazer uma pergunta
redundante, que tipo de resposta você acha que obterá do aluno ?
“ Sabe “Pro”, converso porque
eu não estou a fim de assistir sua aula, então prefiro “papear” com os meus
colegas ao invés de prestar atenção no que você fala”.
Com certeza não era a resposta
que você esperaria receber ! No entanto é a resposta que você obterá na maioria
das vezes.
Usar perguntas redundantes,
achando que estará disciplinando efetivamente, é uma ilusão, e o que é pior,
você abrirá uma brecha para ser manipulada e tornar-se o alvo das chacotas por
parte dos alunos.
2)Argumentar com aluno
Professor: “ Atila, já falei
que você não pode sair da sala ”
Átila: “ mas por quê não ? “
Professor: “ Porque você tem de
esperar o horário do intervalo”
Átila: “ porque então você
deixou o Ivan sair ? “
Professor: “ Porque o caso dele
é diferente “
Átila: “ diferente por quê? Eu
também preciso ir .
Qualquer situação onde o
Professor entra em uma argumentação sem fim, inevitavelmente, acabará em “bate
boca”. Não demorará muito para ambos os lados estarem exaltados, com voz
alterada e trocando ofensas.
3)Pedir justificativas
Quando o Professor exige que o
aluno justifique o injustificável, está pedindo para ouvir o que não quer.
Professor: “ Atila, porque você
colou chiclete no cabelo da colega ? “
Átila: “ Porque ela é uma
chata”
Professor: “ Ivan, porque você
colou na prova ? “
Ivan: “ Não era cola, foi só um
lembrete caso eu esquecesse das respostas”
Professor: “ Porque você estava
brincando na aula de Matemática ? “
Ivan: “ Eu não estava
brincando, estava explicando para meu amigo
um novo passo de dança“.
Situações que provocam o
aparecimento do “bate boca”:
Como já foi dito anteriormente,
algumas situações de indisciplina são potencializadas pela nossa postura, no
entanto outros fatores também contribuem para o aparecimento do “bate boca”
dentro da sala de aula entre aluno e Professor, tais como:
– aluno chega irritado de casa ou da rua
– aluno que ouve os Pais depreciarem o
trabalho do Professor
– Professor que já está esgotado de dar
várias aulas seguidas
– quando a turma ignora o Professor
– quando o trabalho do Professor é
depreciado pela Direção/Coordenação
– quando o Professor demonstra-se inseguro
ao entrar na sala de aula
– quando o Professor é permissivo ou quando
é autoritário
– quando o aluno sabe que os Pais virão à
Escola para reclamar do Professor com a Direção
Como agir :
Por muito tempo eu ficava
aflita e apreensiva, pois essas situações me angustiavam. Com o passar do tempo
e depois de muito tropeçar e cair cheguei a constatação que lidar com tudo isso
requeria um conjunto de medidas que não estavam em minhas mãos, e sim nas mãos do
Gestor, e até do Poder Público.
Seria ótimo se na minha Escola
eu pudesse contar com:
– Um Orientador Educacional
– Um Programa de
Saúde/Qualidade de Vida para Professores
– Um salário digno que
possibilitasse que eu permanecesse em dedicação exclusiva em apenas uma Escola
– Que a minha Escola tivesse
implantado uma Escola de Pais, onde as Famílias aprenderiam mais sobre educar
os filhos e seriam cobradas por isso.
– Que os Gestores tivessem mais
preparo técnico quanto a gestão administrativa e pedagógica da Escola
Mas, como boa parte destas
medidas, infelizmente, ainda é uma utopia, até mesmo para os dias de hoje,
resolvi investir em medidas em que EU pudesse controlar e implantar.
Assim, além de evitar tudo o
que foi exposto acima, passei a dar ao aluno a DIREÇÃO do que ele deveria
fazer.
Ao constatar que o Átila estava
conversando, eu não perguntava, não queria mais justificativas, e muito menos
entrava em argumentação com o aluno. Simplesmente ele era informado do que
deveria fazer.
Professor: “Átila, este não é o
momento para conversa. Retome a sua tarefa, pois dentro de X minutos, você e
mais 5 colegas realizarão a correção dos exercícios no quadro negro".
A minha dica é, diariamente
temos de aprender com nossos erros e procurar tirar proveito deles para criar
novas ferramentas, estratégias que nos auxiliem a implementar as mudanças em
nossa postura, e principalmente revermos e ampliarmos nosso conhecimento
técnico sobre gerenciamento da sala de aula, relacionamento interpessoal,
resolução de conflito e novas práticas de ensino.
Se essas dicas foram úteis para
você, comente no blog.
(SOS Professor)