Quem é disciplinado pode ganhar
um videogame. Quem tira notas altas recebe dinheiro. Por mais estranho que
pareça, algumas escolas usam a premiação para incentivar determinadas ações por
parte dos alunos. A prática de distribuir prêmios não é educativa e, além
disso, mascara os verdadeiros problemas de aprendizagem.
Dar presentes para quem tem bom
comportamento, por exemplo, pode esconder a dificuldade da equipe pedagógica em
tratar as atitudes dos estudantes como um conteúdo - por isso
"compra" a disciplina com um brinde. Para solucionar questões como
essa, é preciso voltar-se para a formação dos alunos como pessoas conscientes
de seu papel na sociedade e no contexto escolar.
Já quem premia o bom desempenho
demonstra não saber ensinar a crianças e jovens a importância do conhecimento.
E ainda existe o perigo de passar a ideia de que apenas notas altas são
sinônimo de aprendizagem. Há alunos que têm dificuldades com certos conteúdos,
mas se empenham em aprender. "Os prêmios valorizam apenas o resultado e
não o processo e o esforço de cada um", diz Sandra Kraft do Nascimento,
pedagoga e psicopedagoga clínica, de São Paulo. Cabe aos gestores e professores
descobrir como cada aluno aprende e promover maneiras de atender à diversidade.
Há ainda a premiação por meio
de concurso: vira rei ou rainha da escola quem vender mais ingressos para a
festa junina ou arrecadar mais dinheiro para a compra de um computador. Ou
ganha um brinde quem fizer a fantasia mais bonita para a festa de Carnaval.
Nesse caso, o risco é alimentar a competição e beneficiar quem tem mais poder
aquisitivo. Uma alternativa é propor ações que estimulem a cooperação e sejam
de cunho educativo. "O importante é não perder o foco na formação das
crianças e pensar sempre no que elas estão aprendendo com cada uma das propostas",
lembra Sandra.
Com Nova Escola