Por Luciano Silva
Hoje mais do que nunca os
prefeitos tem que ter equilíbrio e responsabilidade para saber absorver
provocações de toda natureza. Para muitos é uma honra, ser prefeito de sua
cidade, mas também, esse é o pior momento para estar no cargo.
O “pior momento” não é um
diagnóstico apenas individual da própria situação. É uma visão compartilhada
por todos os prefeitos de grandes e pequenas cidades do Brasil. A conclusão de
que a soma da crise política com econômica jogou todo mundo no cenário mais
difícil dos últimos 20 anos, ainda pior para os municípios.
Sabe-se que não existe nenhum
lugar do mundo esse modelo de concentração das obrigações com as prefeituras. A
perspectiva, no momento, é ainda mais negativa quando não se vê qualquer
possibilidade de aprovação de uma reforma do pacto federativo.
Quem assumir a prefeitura,
independentemente de ser os atuais gestores numa reeleição ou não, terá de
lidar com uma tendência sem volta na maioria dos municípios brasileiros: ou
mantém um controle brutal de receitas e despesas ou cidades se inviabilizam. Prefeitos
sabem, no entanto, que esse discurso contrasta com outra realidade atual – a
onda de descontentamento generalizado da sociedade, que cobra cada vez mais
eficiência do serviço público.
A crítica é desproporcional à
capacidade de resposta do poder público. Nesse aspecto, dar-se-á a batalha quase
como perdida. O povo tem uma relação de dependência enorme do poder público, o
que é um processo cultural, da visão de nossa cidadania. É aquilo de esperar
que venha tudo do poder público.
A questão desemboca em um
processo de generalização negativa da vida pública. Que, finalmente, tornou-se
outro problema sem alternativa a curto prazo. Talvez seja o diálogo, mas o que vemos
em muitos casos é só intolerância. Vivemos um período de transferência de
responsabilidades, em que a culpa é sempre do outro.
As críticas nas redes sociais
contribuem para a imagem negativa de qualquer governo. Muitos gestores apanham
demais na internet. Especialmente pelo grupo que prega a política do quanto
pior, melhor. Assim, quem perde é a sociedade. Muitos gestores estão
prefeito. Independentemente de ser por quatro ou oito anos, alguns vão passar.
A sociedade continua. Quando quem está no poder entregar o bastão, a pessoa que
assumir enfrentará problemas igualmente. E o teto é de vidro. Mas, apesar disso
tudo, muitos gestores entregarão um governo melhor do que receberam. Ou não?