sábado, 8 de junho de 2013

JUSTIÇA, AINDA QUE TARDE



Em artigo no O POVO deste sábado (8), o médico, antropólogo e professor universitário Antônio Mourão comenta da demora da Justiça em cumprir o seu papel. Confira:

Ando preocupado com a Justiça do meu país. Além da dificuldade em julgar, posto que se leva anos e mais anos para chegar a uma decisão definitiva, e quando acaba, os próprios entes do Poder Público, não cumprem as sentenças dela emanadas.

Temos um exemplo que clama, aqui no Ceará. É o processo que rola há mais de 24 anos contra o Governo do Estado, patrocinado por um grupo de professores das universidades estaduais. O famoso e trágico piso salarial.

Foi assim: o governo de Gonzaga Mota instituiu o piso salarial. Vivíamos os tempos da reconstrução democrática do país, com uma Assembleia Constituinte em curso etc. Foram levantadas dúvidas sobre a legitimidade da conquista dos docentes. Assumiu o governo Tasso Jereissati. Apesar de, na campanha, ele ter mandado carta aos professores prometendo a implantação, pouco tempo depois o pagamento do piso foi suspenso. “Quem acha que tem direito que vá procurá-lo na Justiça.”

Os professores foram obrigados, portanto, a buscar na Justiça os seus direitos. E, apesar das marchas e contramarchas – mais de 20 anos – percorrendo todas as instâncias jurisdicionais, findaram por vencer até no famoso Supremo Tribunal Federal. Assunto encerrado. Causa vencida. Isso tem quase dois anos.

O governo Cid Gomes, por meio de sua Procuradoria Geral, tem feito um esforço hercúleo para protelar a aplicação da sentença. Fica arguindo e repetindo os mesmos chavões, quando nem recursos cabem mais. Mostra a clara intenção de empurrar com a barriga as ordens judiciais. Foi, inclusive, considerado como litigante de má-fé. Isso tudo contra professores que sempre foram, em suas carreiras, dignos profissionais docentes, que fizeram dessa universidade uma grata referência no ensino superior do Nordeste.

Para quem apelar? Esse governo mostra, com toda clareza, que não tem respeito para com seus antigos colaboradores. Não prioriza a educação. Não respeita as decisões judiciais das mais altas cortes do Brasil. Passa a clara ideia que está acima de tudo. Vai continuar assim até o fim do mandato. Nem aí para a Justiça…

É preciso que se estabeleçam a ordem e a justiça. Agora, apelar para quem, se até à Justiça o Governo Estadual não obedece?



(Blog do Eliomar)



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