Lembro como
se fosse ontem: o então candidato a governador Cid Gomes (PSB) utilizando um
bom tempo do horário eleitoral gratuito para apresentar o que seria uma das
soluções para o problema da violência no Ceará. Carros com alta tecnologia
circulando 24 horas por determinada área da cidade. Policiais bem treinados,
prontos para evitar conflitos.
Era a
concretização do que se convencionou chamar de polícia comunitária. Uma nova
forma de fazer segurança, que tinha como pilares a criação de laços com a
população, a prevenção de ocorrências graves e a pacificação de regiões
consideradas perigosas.
Ronda do
Quarteirão! A ideia caiu no gosto do eleitor rapidamente, virou carro-chefe da
campanha e ajudou Cid a se eleger ainda no primeiro turno, com ampla vantagem
em relação aos seus adversários. O ano era 2006, a situação já era complicada,
mas não tão grave como atualmente. Passados sete anos, o programa,
infelizmente, mostrou-se um verdadeiro fracasso. Os carros luxuosos viraram
elementos da paisagem. Estão lá, mas são ineficazes no combate à criminalidade.
Nos momentos
em que se dedica para avaliar as áreas de seu governo, Cid deve destacar um bom
tempo para a Segurança Pública. Até compartilho da angústia do chefe do Palácio
da Abolição. Tanto dinheiro investido, mas nada de resultados. Onde estará o
erro?
Aponto,
dentre muitos, a falta de zelo com o projeto, constatada em matéria
recentemente publicada pelo O POVO. Assinada pelo repórter Thiago Paiva, ela
mostrou que mais da metade das chamadas feitas para os números do Ronda do
Quarteirão não foi atendida. Um elemento básico para o funcionamento do programa.
Algo tão simples de ser controlado e solucionado, mas que os responsáveis
parecem não dar muita atenção. Preferem ficar fechados em seus gabinetes –
agora com a companhia do ex-ministro Ciro Gomes (PSB) – procurando soluções
mirabolantes para a caótica segurança estadual.
Assim, o
Ronda do Quarteirão continua um ótimo negócio para quem vende Hilux. Mas uma
ineficaz iniciativa para quem precisa e clama por proteção.
Artigo no
O POVO deste sábado (20), o editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura do O POVO,
Ítalo Coriolano, avalia os sete anos do programa Ronda do Quarteirão, sob a
ótica política.