Ordenar as cadeiras em círculo, possibilita melhor troca de informação |
Pode parecer um detalhe, mas o
que pouca gente sabe é que a disposição dos móveis em uma sala de aula
influencia o aprendizado. A distribuição das carteiras e de outros objetos
pedagógicos, assim como sua conservação, afeta a forma como os alunos se
relacionam e interagem com o professor. E, de acordo com educadores, a
disposição das carteiras é fundamental para que os alunos consigam interagir e
deve ser feita de maneira a atender a finalidade de cada aula.
A organização tradicional das
cadeiras – enfileiradas e voltadas para frente – ainda é a mais usada, mas há
outros arranjos que deixam de colocar o professor como único detentor do
conhecimento. “A maneira tradicional de colocar um aluno atrás do outro, de
frente para a lousa e para o professor, pode atingir alguma finalidade, como a
de investigar o que cada aluno compreendeu sobre determinado tema, mas não é a
melhor para as atividades cotidianas”, pontua Maria Helena Braga, supervisora
de programas do Instituto Qualidade no Ensino (IQE).
Ordenar as cadeiras em círculo,
segundo a educadora, possibilita que os estudantes troquem informações entre si
e se sintam à vontade para expor suas ideias, o que, pelas teorias pedagógicas
modernas, é a forma mais eficiente de aprendizado. “Se se quer que todos
participem de alguma atividade em que se possam trocar diferentes informações,
compreensões, pontos de vista, a forma circular é a mais adequada. Se a
intenção é de que os alunos reflitam sobre uma mesma tarefa, busquem a
cooperação cognitiva para encontrar a melhor resolução, a disposição em duplas
ou trios é o ideal”, explicou.
Além disso, há algumas práticas
que podem oferecer maior diversidade, como montar círculos no chão da sala,
quando há espaço, ou em algum ambiente externo. “Isso ajuda a sair da monotonia
dos movimentos que uma escola propõe”, completa Maria Helena.
A supervisora do IQE lembra
ainda que não é só a disposição dos alunos que afeta o aprendizado. A
organização do ambiente também é importante para que meninos e meninas queiram
permanecer no espaço e não tenham dificuldade para se concentrar. Iluminação e
ventilação adequadas, boa conservação de quadro-negro, piso e janelas e
quantidade certa de alunos por sala são fatores que, somados, melhoram ou
pioram o espaço de estudo.
“Padrões de iluminação e
ventilação são determinados por critérios de engenharia, que estabelecem as
medidas adequadas ao tamanho de cada sala de aula. A obediência a esses
critérios deveria ser, no mínimo, obrigatória para qualquer instituição de
ensino, pois garante que a saúde não seja prejudicada por más condições”,
afirma.
De acordo com Maria Helena, os
cuidados com as instalações da escola demonstram ao aluno a importância que tem
para a instituição, o interesse em recebê-lo bem. “É uma forma de demonstração
da receptividade. Entrar e estar em um lugar bem cuidado também nos leva à
tendência de preservá-lo. Se quisermos que os alunos de comportem adequadamente
nas diferentes situações propostas pela escola, devemos recebê-los em um
ambiente aconchegante, que mostre nosso cuidado e carinho por eles”, reforça. E
acrescenta: “A conservação dos móveis e materiais deve ser aprendida. “O
cuidado com as próprias coisas e com o espaço público é um conteúdo atitudinal
a ser priorizado pela escola, a fim de que os alunos tornem-se corresponsáveis
pelo ambiente”.