Somos muito cobrados o tempo
todo. O TEMPO TODO.
Tem que ir bem na prova, tem
que passar de ano, tem que entrar numa faculdade boa, tem que fazer um curso
renomado, arranjar um bom emprego, ter um bom currículo, ganhar mais que os
seus amigos.
Eu, pessoalmente, nunca
entendi essa pressão toda em arranjar um bom emprego aos 20 e tantos anos de
idade. É ensinado que sucesso na vida é ter um cargo alto, numa empresa
reconhecida, com vários subordinados. Crescemos acreditando fielmente nisso.
E daí, se você vai se tornar
uma pessoa depressiva, mega competitiva e materialista? Se você tá ganhando
dinheiro é isso que importa, né?
Não!
A
vida não deveria ser só estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e morrer.
Não nascemos neste mundo
maravilhoso, cheio de lugar diferente, pessoas singulares, comidas exóticas,
para viver num escritório, todos os dias das 8h às 17h.
Eu, por exemplo, me
considero uma pessoa muito bem sucedida. Nunca trabalhei em multinacional, pedi
demissão de todas as empresas em que entrei e nunca ganhei nenhum salário de
dar inveja. Mas me considero muito melhor sucedido do que todos os meus amigos
de terno e gravata que recebem mais de 5 salários mínimos por mês. Já pulei de
paraquedas, fiz motocross, pesquei em alto mar, percorri trilhas em florestas, apresentei eventos, fui locutor de rádio, garçom, cuidador de pessoas, viajei e viajo bastante, dei aula de inglês, administrei instituições públicas, fui para cidades que a maioria das pessoas nunca nem ouviu falar, faço trabalho
voluntário, mochilei completamente sozinho sem direção, morei em vários lugares,
fui roubado, furtado e fiquei sem dinheiro, sem ninguém pra me
ajudar. Isso não conta como experiência? Isso não deveria ser perguntado em
entrevistas de emprego?
Vocês não são os currículos de vocês. Vocês não são as empresas multinacionais que trabalham. Vocês não são o salário que ganham. Vocês são o que vivem. As pessoas que vocês conhecem. Os livros que vocês lêem. Os lugares que vocês vão. As experiências que vocês têm.
Vocês não são os currículos de vocês. Vocês não são as empresas multinacionais que trabalham. Vocês não são o salário que ganham. Vocês são o que vivem. As pessoas que vocês conhecem. Os livros que vocês lêem. Os lugares que vocês vão. As experiências que vocês têm.
Gente, vá trabalhar como
garçonete, juntar dinheiro e viajar o mundo. Vá fazer trabalho voluntário.
Escrever um livro, mesmo que não seja publicado. Lute por uma causa que você
acredite, mesmo com o mundo inteiro te achando louco por isso (nessa eu sou
profissional). Plante uma árvore, sei lá…
Louco é quem, aos 20 e
tantos anos, está preso no trânsito indo trabalhar. Vendo as mesmas pessoas. De
frente para o mesmo computador.
Essa busca toda por sucesso
profissional é para que? Você realmente precisa de todo esse dinheiro que você
está ganhando?
O
que vai te acrescentar na vida uns zeros a mais na conta do banco?
Você se acha uma pessoa
superior por ter estudado na Luciano Feijão, INTA ou no Estácio? Por trabalhar no Itaú?
E, a não ser que vocês
tenham que ajudar financeiramente em casa, não digam que o problema é dinheiro.
Como eu já falei em um outro texto, conheci vários lugares com
o salário que eu ganhei como professor. E ainda sobrou. Não precisamos de
todos esses excessos que “achamos” que precisamos.
Chegamos aos 60 anos. Ricos.
Morando em bairro chique. Com um apartamento de 300m². Com faxineira todos os dias
para lavar nossa louça e estender nossas camas. Com o carro do ano. Com filhos
nas aulas de inglês, alemão e espanhol. Achando que todo o nosso propósito na
vida foi alcançado.
Mas chegamos infelizes.
Depressivos.
Realização para mim não é
dinheiro. Realização são histórias para contar. Realização é sentar num bar com
amigos e beber uma breja gelada, ir aonde eu quiser, sem me preocupar no trabalho que eu deixei de
fazer hoje porque eu estava sobrecarregado e não sobrou tempo.
Corra atrás do que faz o
coração vibrar. Somos muito novos para preocuparmos com aposentadoria e
hipoteca. Caixão não tem gaveta, o que ganharem em vida não será levado depois
que morrerem.
O que se leva dessa vida é a
vida que se leva.
Por Amanda Areias -
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