Seis
tópicos sobre a movimentação e discurso de Eduardo Campos.
O
governador diz que é possível fazer melhor do que a gestão de
Dilma Rousseff.
Dispara
críticas contra o governo que apoia em busca de um lugar na corrida
presidencial. Confira:
O
rótulo
Eduardo
Campos (PSB) está muito bem envolto no rótulo que escolheu para si
de governista porta-voz de uma discussão que ele considera
necessária ao país. Insiste que sua preocupação é natural a quem
apoia o Planalto. Mostrando-se assim, surge, pelo menos no discurso,
desvinculado do debate ate eleitoral. Ou seja, constrói um bunker
extremamente confortável de onde dispara sua metralhadora contra a
gestão de Dilma. Agora, decidiu sublinhar a tese, difusa e
subjetiva, de que é preciso “fazer melhor”.
A
novidade
Assim,
admitindo o projeto presidencial, mas não o debate eleitoral,
Eduardo vai se revelando a “aliados” petistas, a oposicionistas
(talvez futuros parceiros), a empresários, a eleitores. Coloca-se
como a novidade necessária ao país no momento em que, segundo seu
diagnóstico, é preciso ir além, e superar os feitos de Lula e de
Dilma.
O
salvo-conduto
O
discurso pode causar estranhamento, uma vez que ele foi um dos
parceiros mais próximos de Lula. A relação era tão afinada que
causava ciúmes em petistas. Ao agir assim, poderia carimbar em si,
portanto, a etiqueta de mal-agradecido. Mas, Eduardo tem o
salvo-conduto do jogo político. Tem todo o direito – e até o
dever – de incorporar um projeto de poder, de se posicionar como a
liderança emergente que é, e brigar pela cadeira de Presidente da
República.
O
feeling
Aí,
pode-se pensar que ele estaria se precipitando, uma vez que a
presidente Dilma é candidata à reeleição. Por que não deixar
para 2018? Acontece que na política se trabalha com feeling. E isso,
o governador tem. Pela sua experiência, deve sentir que tem chances
de ver seu projeto vingar.
A
autoconfiança
Faz
pouco tempo, ele iniciava uma campanha desacreditada para governador.
De cima de um caixote, pedia votos por Pernambuco afora. Tinha na sua
frente um candidato apoiado pelo governo estadual e outro com
respaldo da prefeitura do Recife e governo federal. Saiu vencedor.
Não se trata de dar tom épico à campanha de Eduardo em 2006. Mas
sim destacar sua autoconfiança. O socialista é alguém que sabe o
quer e joga até o fim para atingir um objetivo. Ainda mais se
deixarem brecha para ele avançar.
O risco
É
óbvio que a disputa presidencial ocorre em outro contexto, nem ele
vai mais se aventurar sobre caixotes. Vai precisar certamente, se
defender das caixotadas que receberá ao longo do processo (a luta
para fazer da mãe ministra do TCU é uma delas). E mais: terá,
principalmente, de exercitar todo o know how adquirido na vida
pública para não correr o risco de, não vencendo, sair menor do
que entrou nessa empreitada.
Josué
Nogueira