sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A AUTOCONFIANÇA, O FEELING E OS RISCOS NA INVESTIDA DO GOVERNADOR EDUARDO CAMPOS

Seis tópicos sobre a movimentação e discurso de Eduardo Campos.

O governador diz que é possível fazer melhor do que a gestão de Dilma Rousseff.

Dispara críticas contra o governo que apoia em busca de um lugar na corrida presidencial. Confira:

O rótulo

Eduardo Campos (PSB) está muito bem envolto no rótulo que escolheu para si de governista porta-voz de uma discussão que ele considera necessária ao país. Insiste que sua preocupação é natural a quem apoia o Planalto. Mostrando-se assim, surge, pelo menos no discurso, desvinculado do debate ate eleitoral. Ou seja, constrói um bunker extremamente confortável de onde dispara sua metralhadora contra a gestão de Dilma. Agora, decidiu sublinhar a tese, difusa e subjetiva, de que é preciso “fazer melhor”.

A novidade

Assim, admitindo o projeto presidencial, mas não o debate eleitoral, Eduardo vai se revelando a “aliados” petistas, a oposicionistas (talvez futuros parceiros), a empresários, a eleitores. Coloca-se como a novidade necessária ao país no momento em que, segundo seu diagnóstico, é preciso ir além, e superar os feitos de Lula e de Dilma.

O salvo-conduto

O discurso pode causar estranhamento, uma vez que ele foi um dos parceiros mais próximos de Lula. A relação era tão afinada que causava ciúmes em petistas. Ao agir assim, poderia carimbar em si, portanto, a etiqueta de mal-agradecido. Mas, Eduardo tem o salvo-conduto do jogo político. Tem todo o direito – e até o dever – de incorporar um projeto de poder, de se posicionar como a liderança emergente que é, e brigar pela cadeira de Presidente da República.

O feeling

Aí, pode-se pensar que ele estaria se precipitando, uma vez que a presidente Dilma é candidata à reeleição. Por que não deixar para 2018? Acontece que na política se trabalha com feeling. E isso, o governador tem. Pela sua experiência, deve sentir que tem chances de ver seu projeto vingar.

A autoconfiança

Faz pouco tempo, ele iniciava uma campanha desacreditada para governador. De cima de um caixote, pedia votos por Pernambuco afora. Tinha na sua frente um candidato apoiado pelo governo estadual e outro com respaldo da prefeitura do Recife e governo federal. Saiu vencedor. Não se trata de dar tom épico à campanha de Eduardo em 2006. Mas sim destacar sua autoconfiança. O socialista é alguém que sabe o quer e joga até o fim para atingir um objetivo. Ainda mais se deixarem brecha para ele avançar.

O risco

É óbvio que a disputa presidencial ocorre em outro contexto, nem ele vai mais se aventurar sobre caixotes. Vai precisar certamente, se defender das caixotadas que receberá ao longo do processo (a luta para fazer da mãe ministra do TCU é uma delas). E mais: terá, principalmente, de exercitar todo o know how adquirido na vida pública para não correr o risco de, não vencendo, sair menor do que entrou nessa empreitada.


Josué Nogueira




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